Resíduos eletroeletrônicos, muitas vezes denominados lixo eletrônico ou e-lixo, constituem uma categoria específica de resíduos sólidos que engloba produtos eletrônicos destinados ao descarte. Engana-se quem pensa que o lixo eletrônico começou a ser um problema apenas no século XXI. Entre os anos de 1929 e 1930, durante a Grande Depressão, as empresas produziam eletroeletrônicos em série de modo a incentivar o consumo com o objetivo de recuperar a economia daqueles países, tendo os governantes como os grandes apoiadores.
O rápido avanço da tecnologia e a chamada “obsolescência planejada”, que é o processo pelo qual produtos são fabricados com o propósito de apresentarem algum tipo de limitação em um tempo predeterminado, fazendo com que se tornem obsoletos, impulsionando assim o consumo, contribuíram significativamente para o aumento no surgimento de resíduos eletrônicos.
Nas últimas décadas, vivenciamos uma realidade ainda mais chocante, pois todos os anos criam-se novos produtos, aperfeiçoamentos e/ou atualizações dos aparelhos eletrônicos, o que resulta em uma crescente geração de resíduos eletroeletrônicos em todo o mundo ainda que os aparelhos estejam em perfeito estado de funcionamento, porém obsoletos perante a nova tecnologia da época, passaram a ser igualmente descartados de forma não controlada no meio ambiente.
Além disso, o crescente volume de resíduos eletrônicos produzidos promove uma poluição tecnológica de grande proporção, já que em muitos lugares não há o descarte correto desses materiais. Dentre as substâncias encontradas neste tipo de resíduo estão cádmio, chumbo, óxido de chumbo, antimônio, níquel e mercúrio, substâncias perigosas que podem representar riscos significativos para a saúde humana e o meio ambiente se não forem gerenciadas adequadamente. Há também a presença de ouro na composição de alguns resíduos, o que indica ser também bastante viável financeiramente o descarte correto e a coleta destes materiais.
No que diz respeito ao lado ambiental, há preocupações relevantes sobre o descarte inadequado desses produtos, esse lixo tóxico, produzido por materiais de origem inorgânica, os quais provocam grandes desequilíbrios nos ecossistemas, contaminando rios, lagos, mares e, até mesmo, com emissão de gases atmosféricos. Por ainda não ser possível reverter o atual modelo de produção para diminuir a quantidade de resíduos eletrônicos, o ideal e recomendado é um descarte consciente e direcionado.
Com isso, tornou-se uma necessidade atual a preservação do meio ambiente por meio de práticas sustentáveis, como também entender e educar a população sobre resíduos eletroeletrônicos, fazendo com que assim possamos garantir um futuro mais limpo e seguro para as gerações futuras.
Como funciona o processo de descarte de resíduos eletrônicos nos grandes centros urbanos e o que pode ser feito para aumentar e aprimorar a coleta seletiva para ser utilizada nos setores públicos carentes de materiais eletrônicos, prevenir a saúde da população local e também o meio ambiente?
Para resolver esse problema, pensamos em um projeto que irá apresentar alguns pontos de coleta de reciclagem eletrônico para as pilhas/baterias nas redes de empresas parceiras e também o agendamento para coleta dos celulares, tablets, notebooks e computadores, que será realizada pela Prefeitura. O projeto será elaborado com base em duas vertentes: o descarte de produtos eletrônicos, pilhas e baterias que não possuem mais utilidade e os materiais que ainda funcionam perfeitamente ou com algumas avarias e que podem ser aproveitados pelo órgão público.
Desenvolver uma aplicação para educar e informar a comunidade e o comércio de grandes centros urbanos a respeito dos pontos de descarte e coleta de resíduos eletrônicos, e também que seja uma plataforma de conexão entre quem possui resíduos estragados ou obsoletos e promover uma destinação útil para os produtos que ainda possuem funcionalidade. Além disso, por meio destas conexões, fomentar a coleta seletiva para reverter em benefício para o Município, prevenir a saúde da população local e o meio ambiente.
Desenvolver uma aplicação de gerenciamento online para resíduos eletrônicos que facilite a coleta, reciclagem e descarte responsável desses materiais, promovendo a conscientização ambiental e a sustentabilidade. Este objetivo envolve a criação de uma plataforma web que permite aos usuários:
• Educar a população quanto à preservação do meio ambiente quanto ao descarte de lixo eletrônico.
• Cadastro e localização de pontos de coleta de resíduos eletrônicos próximos às suas áreas de residência ou trabalho.
• Doação de eletrônicos.
• Redirecionar produtos doados que possuem funcionalidade para setores do órgão público.
• Incentivar a população a fazer o descarte consciente com o sistema de Recompensas. Isso será feito através da fidelização
no programa de pontos para as pessoas físicas dando descontos no IPTU, Ifood, Dotz, e incentivo fiscal para as empresas que
recolhem ISS quanto à doação de celulares, tablets, notebooks e computadores.
• Divulgação dos benefícios com as doações efetivadas como forma de incentivo, haja vista que os eletrônicos em bom estado de
conservação serão reaproveitados pela Prefeitura em seus setores internos, evitando, assim, gastos com a compra de produtos.
A reciclagem de lixo eletrônico no Brasil é um desafio premente e inadiável que exige a participação das indústrias, empresas de reciclagem e consumidores. Segundo relatório publicado pela Organização das Nações Unidas em fevereiro de 2022, apenas 3% do lixo eletrônico produzido na América Latina é descartado corretamente. Os outros 97% não são monitorados. Ainda, o descarte incorreto na região aumentou em 49% no período de 2010 a 2019. Em termos globais, o Brasil ocupa a quinta posição entre os países que mais produzem lixo eletrônico no mundo, gerando em torno de 2 milhões de toneladas desse tipo de lixo por ano. O país é superado apenas pela China, Estados Unidos, Índia e Japão.
Além dos danos ambientais, o descarte incorreto do lixo eletrônico também resulta em um alto prejuízo econômico. Cada quilo de material eletrônico reciclado pode gerar de R$0,40 a R$4,00 dependendo do tipo de resíduo. Se o Brasil reciclasse todo o lixo eletrônico que produz, o ganho econômico estaria na faixa de R$800 milhões a R$8 bilhões, o que tornaria o segmento um dos mais importantes da economia.
O problema do descarte incorreto de lixo eletrônico também envolve diretamente o consumidor, que desempenha papel fundamental nessa logística. Os hábitos de consumo, moldados pelo consumismo exacerbado de novos aparelhos tecnológicos, resulta em um excesso de descarte de aparelhos eletrônicos. É necessário conscientizar os consumidores não apenas quanto ao descarte incorreto, mas também quanto ao consumo de materiais de marcas mais duráveis e que ofereçam melhores serviços de reparo, permitindo que aparelhos eletrônicos sejam utilizados por mais tempo.
Ainda, é necessário conscientizar as pessoas a respeito da Logística Reversa, regulamentada pelo Decreto nº 10.936/2022, que se destina a viabilizar a coleta e a restituição de resíduos sólidos ao setor empresarial, permitindo o reaproveitamento desses resíduos.
O público-alvo deste projeto são pessoas preocupadas com o descarte responsável de resíduos eletroeletrônicos, bem como os setores do órgão público que podem se beneficiar com a reutilização desses materiais.
Desta forma, estabeleceu-se como público-alvo desta solução pessoas que possuem produtos eletroeletrônicos, como pilhas/baterias, tablets, notebooks, computadores e celulares, que se tornaram obsoletos ou apresentam algum defeito e que tenham interesse em descartar esses produtos de forma consciente.